sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SAIBA MAIS SOBRE O PRÉDIO DE APOIO DIDÁTICO E COMUNITÁRIO

A história do prédio inicia com uma doação por parte do governador de uma estrutura construída para instalação de um Hospital Regional de Tisiologia, na Rua Floriano Peixoto, o qual teria sido abandonada. No ano de 1962, a Universidade Federal de Santa Maria instala-se e cria o Hospital Universitário, enquanto a construção de sua unidade no campus não estivesse finalizada. Embora, na Certidão do Cartório de Registro de Imóvel demonstrasse que a UFSM só viria ter a posse em 1968 quando o transmitente o Hospital de Caridade, este que em 2007 apresenta intenções de compra das instalações do prédio, possuía-o anteriormente, o que torna meio dúbio a história do processo de instalação do Hospital Universitário. Mas, a construção do hospital no campus ficou pronto alguns anos depois tendo seu atendimento dividido entre o campus e a cidade. Quando no período da ditadura militar, o curso de História ocupava o quarto andar para suas atividades de graduação, com a desocupação do espaço pelo hospital no final da década de 80 se reorganizou o espaço do prédio imutável até 2000, quando o mesmo sofreu uma reforma importante para alocar o curso de Economia nos 5° e 6° andares e desde então apenas reparos foram realizados por parte da Instituição. Em 2006, depois da construção do Prédio 74, no Campus, depois de três anos entre projeto, licitações, obras, os cursos de Arquivologia, Ciências Sociais, Filosofia e História são transferidos para o local.
Atualmente, o Prédio de Apoio Didático Comunitário da Universidade Federal de Santa Maria, aglutina um conjunto de atividades de grande valor para a comunidade desta cidade, dentre eles, destacamos: no primeiro andar, Apoio Psicológico por parte do Curso de Psicologia, que além deste espaço ocupa o terceiro andar com aulas para graduação; no segundo andar, acontece o Curso Extraordinário de Música que além de contar com professores da Universidade e alunos da graduação dos vários instrumentos musicais também conta com músicos da comunidade, onde possuem uma Orquestra e também realizam aulas para os interessados de toda a cidade; no terceiro andar, como já citado também acontecem, durante o período noturno, as atividades do Pré Vestibular Alternativa. Este se constitui num cursinho pré-vestibular para carentes; no quarto andar, há quase uma década o Projeto Práxis Pré-Vestibular Popular realiza suas atividades educacionais; no quinto e sexto andares funcionam o Curso de Economia diurno e noturno, enquanto que no sétimo andar, há o Atendimento Fonoaudiológico à comunidade santa-mariense, bem como abriga as aulas de graduação.
O Prédio Didático Comunitário, não só é um prédio que possui cursos Universitários, mas que também cumpre um papel fundamental na comunidade de Santa Maria. Este não é apenas mais um prédio que pode servir como habitação, hospital, e afins mercadológicos. Este prédio permite um diálogo amplo com a sociedade santa-mariense, executando na vida objetiva a função da Extensão Universitária que é a de aproximar a população e suas demandas da universidade.
O Campus da Universidade Federal de Santa Maria está localizado em um ponto geográfico da cidade onde fica longe do centro da cidade, assim, parece que o conhecimento adquirido e expresso na academia não chega até a sociedade que contribui com seus impostos e mantém esta universidade.
No prédio de Apoio Didático Comunitário, como já foi dito são desenvolvidas atividades de dois Pré-vestibulares Populares, assim como o Atendimento Fonoaudiologico e Psicológico à população, que não tem acesso as estes serviços nos meios privados. Sinalizamos, desta forma, a preocupação com estas atividades presentes no Prédio ao se transferirem para o Campus, pois se afastarão da população, fazendo com que esta não consiga chegar até os serviços prestados devido à distância e o alto valor do transporte coletivo em Santa Maria, para exemplificar, uma família moradora do bairro Santa Marta gastaria para chegar ao campus R$ 7,20 com uma renda que se aproxima de dois salários quando isso.
O Serviço Social de Assistência do Hospital não consegue dar conta dos casos atualmente, comumente nos deparamos com pessoas doentes pedindo uma passagem ou vale transporte para os estudantes, neste sentido, se transferirmos o apoio Psicológico e Fonoaudiológico todo para o Campus, corremos o risco da população de baixa renda não conseguir freqüentar as sessões. A clínica de ponta poderá ser construída, e ao mesmo tempo vazia de pacientes. A transferência também cogita a mudança para o Prédio da Antiga Reitoria que não suporta, fisicamente, os projetos já existentes como Apoio Judiciário, Odontológico, Empresa Junior, além de não cogitarem a expansão gradual, anualmente, dos Projetos de Extensão que são crescentes na Instituição e precisarão de instalações, além do limite dado por falta de espaço apropriado aos já existentes na Instituição. Isto reflete, portanto, na ampliação da extensão e sua manutenção condizente com os serviços a comunidade que serão prestados, o que faz nos perguntar a respeito da Política de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria e sua Função Social.
Não somos contra a unificação do Centro de Ciências Sociais e Humanas no Campus, porém, somos contra a transferência dos projetos de Extensão Universitária de lugar, uma vez que acreditamos que é no Prédio de Apoio que conseguiremos fazer com que a Universidade Pública cumpra o seu papel social e atenda a sociedade através dos Projetos de Extensão que nela já existem e estão escondidos no campus, nos laboratórios, e nos futuros projetos que poderão ser instalados e na ampliação dos já existentes. Como podemos observar neste trecho do relatório anual do Projeto de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria o Práxis pré vestibular Popular, quando em 2006, deixou de ocupar um antigo “banheiro” desativado e três salas que haviam de suportar 80 educandos:
“A conquista de um espaço físico condizente com a envergadura do trabalho, sem dúvida alguma, representou um avanço material fundamental para a qualificação de atividades relacionadas à construção de metodologias de ensino alternativas, principalmente aquelas relacionadas ao teatro, a economia popular e à ampliação da biblioteca do Práxis. Da mesma forma, a participação orgânica do projeto na construção da Coordenação dos Movimentos Sociais de Santa Maria, foi uma experiência extremamente construtiva, no sentido de promover o amadurecimento de questões relativas à prática da educação popular.” (Relatório Anual de atividades 2006, Práxis Pré- Vestibular Popular)

Hoje, contam ainda com um sebo de troca de livros que agrega pessoas da comunidade, um brechó organizado pelos educandos de 2008 que utilizam a verba para comprar livros para a biblioteca, espaço para o grupo de geração e renda, sala de arquivo histórico do projeto e sala de computador, além de sala equipada para o ciclo de vídeos, todas estas atividades abertas a educandos, comunidade civil e acadêmicos.
Este texto também serve para propor que Universidade reivindicamos, na nossa análise crítica da Universidade Federal de Santa Maria vemos que ela deve conter em sua plataforma pedagógica e de sua prática determinadas pautas que dialoguem com o conjunto da sociedade na qual está inserida. Neste sentido reivindicamos o espaço do Prédio de Apoio Comunitário para cumprir com esta função social e torná-lo um Centro de Extensão Universitária. E nesse sentido, vem à tona a Extensão Universitária, que se constitui enquanto um instrumento legítimo no momento em que se predispõe a compreender quais as demandas das comunidades em geral e a dos movimentos sociais e, a cima de tudo, construir juntamente com esses, propostas que venham ao encontro dos anseios reais dessas populações. A UFSM deve comportar-se como tal, ou seja, deve construir uma ciência que amplie de forma a democratizar o conhecimento produzido nessa, avançando e chegando até as classes populares e aos movimentos sociais.
Os movimentos sociais cumprem uma tarefa importante nos dias que seguem, pois são uma parcela da sociedade que se organiza em torno de determinadas reivindicações e pautas, sendo que muitas delas poderiam ser construídas em conjunto com a universidade, a partir da extensão. Com essa linha, reafirmamos a importância da manutenção de uma constante relação da extensão universitária com os movimentos sociais, sindicatos e sociedade e para isso reivindicamos o espaço do Prédio de Apoio Comunitário da UFSM.

Movimento estudantil;
DCE Gestão Viração;
Coletivo Práxis de Educação Popular.

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