terça-feira, 9 de agosto de 2011

Metodologia em Silvio Gallo.


Texto produzido por:
Lorena Miranda 
Acadêmica de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Coordenadora do Práxis - Coletivo de Educação Popular da UFSM.


Esse caminho se faz necessário por via da contextualização histórico-filosófica que tem o objetivo, através do assunto ou tema tratado, atingir os alunos por meio da sensibilização, pois esse olhar deleuziano do aprendizado nos diz que “a racionalização dos problemas e do próprio aprendizado é sempre um momento posterior” (ASPIS/GALLO, 2009 pg.69).Dessa forma nos fornecendo subsídios para que entendamos que o professor necessita de determinados mecanismos, “que faça a mediação com seus alunos, para que esses possam começar a filosofar” (ASPIS/GALLO, 2009, pag. 71), e assim que de alguma maneira sua aula flua espontaneamente e ao mesmo tempo em que seus objetivos sejam atingidos. O destaque para o método de ensino tem sido muito discutido em praticamente todos os meios acadêmicos.
   A de se considerar alguns caminhos que um professor de filosofia pode desenvolver em sua sala de aula, partindo primeiramente na escolha do tema tratado. Aqui já adianto pelas perspectivas desenvolvidas pelo professor Silvio Gallo deverá compreende um trajeto onde o Ensino de Filosofia é visto como uma pedagogia do conceito, sendo que numa aula poderá ser estabelecida através de quatro momentos didáticos, a saber: sensibilização, problematização, investigação e conceituação.
   Entretanto, antes de dar continuidade a questão acima, proponho a fazer um breve esclarecimento do que seria essa pedagogia do conceito, ou oficina de conceitos, pois “a filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos” (Guattari, 1992, pag. 10-13), ou seja, proporcionar uma atmosfera onde os conceitos são criados e experimentados, onde o aluno possa sentir-se envolvido no movimento do seu próprio pensar
   Projetado minimamente o que seria uma oficina de conceito, adentro nos estágios formulados pelo professor Silvio Gallo, a saber:
   Primeiro: sensibilização – lança-se um determinado tema ou assunto, que de preferência tenha haver com o cotidiano do aluno, como a liberdade, o amor, a amizade, dilemas morais e assim por diante, onde podemos usar de uma ferramenta áudio visual, como o cinema, ou mesmo um poema, uma letra de música que aborde sobre o assunto escolhido.
   Segundo: problematização – partindo do assunto escolhido, o professor orientará para que esse elabore perguntas, que podem partir do senso comum do aluno. Que ele faça relações do assunto tratado com seu dia-a-dia e ao sentir-se instigado, possa perceber que isso (ou seja, o tema tratado) tem haver com a filosofia, com a vida.  Dessa maneira promovendo um pensar por si próprio a respeito do tema escolhido, com isso possa avançar para uma formulação de cunho filosófico, que permitirá ir para o estagio seguinte.
   Terceiro: investigação - nesse estágio requer que o aluno já esteja envolvido e interessado em pensar respostas ao tema escolhido. Todavia, já nessa fase é o momento de incorporar textos ou exercícios, relacionados ao tema proposto, e que por meio destes, mostra-lhes, as várias abordagens desse mesmo assunto.  Pois é a partir de vários problemas diagnosticados que ele tenderá a resolver a questão. Partir de uma pergunta para o qual ele mesmo sentirá necessidade da resposta. Para finalizar vamos para o ultimo estágio:
   Quatro: conceituação – no movimento que seu pensar fez na investigação, instigado por uma ou várias respostas, que partiu de seu senso comum. Pois na problematização ele inferiu determinadas questões que o instigaram ao longo dos estágios, deverá, levá-lo, com o esmiuçamento do tema proposta, naturalmente a criar argumentações filosóficas do entendimento que obteve, ou seja, motivado por sua criatividade, pela explicação que foi dado no texto ou exercício filosófico que fez, e mesmo sensibilizado pela proposta oferecida, tenderá a promover um tipo de pensamento autônomo em torno do problema - uma conceituação - que não é definitiva, mas que naquele momento o incentivou a criar esse conceito pelo seu pensamento próprio, mas que é
o resultado fundamentado que os estágios proporcionaram ao aluno.
   A metodologia dos quatro momentos que foi brevemente explicada, obviamente não dá conta, de todas as dificuldades que tem um professor, ao formular estratégias para uma boa aula de filosofia.  Mas, contudo são excelentes práticas que todos nós, futuros educadores podemos, e, devemos experimentar. Os estágios ou momentos apresentados também são um caminho propício que nos levará a uma avaliação do conteúdo apreendido pelo aluno. Tema esse que será abordado pelo outro grupo de estudos em avaliação.

Referencias Bibliográficas:

ASPIS, Renata Pereira Lima; GALLO, Silvio. Ensinar Filosofia - um livro para
professores
.  
São Paulo: Atta Mídia e Educação, 2009.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Trad. Bento Prado
Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992, p.10-13.







Um comentário:

Yure disse...

Obrigado por disponibilizar esse texto. Fiz algumas anotações a respeito dele e queria que você, se possível, discutisse-as comigo.
Primeiro, a sensibilização, segundo minha experiência, ou é exagerada ou menosprezada. Nenhum dos meus professores parece empregá-la de forma adequada. Me pergunto se esse é um método usado apenas nas escolas de ensino básico ou é usado também em universidades.
Eu também me pergunto como fazer a escolha do tema. Se tratarmos apenas de temas escolhidos para os alunos, isto é, de temas que os interessem, poderemos negligenciar outras questões que são importantes e que precisam ser tratadas. Algumas escolas também elaboram provas de história da filosofia com temas que não interessam aos alunos, em geral, o que torna a situação ainda mais perigosa, porque essas provas não são elaboradas pelo professor e ele tem que preparar seus alunos para ela... Fora que alguns temas não têm apoio suficiente da tradição, embora interessem aos alunos, como a homossexualidade ou a Internet ou jogos eletrônicos. O material didático nesses assuntos é limitado, filosoficamente.
A definição de filosofia por Guattari, como simples criação de conceito, me soa pobre.
Por último, a sensibilização parece sempre ser feita com arte. Não pode ser com conversa?