segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Texto Produzido para a Jornada Acadêmica Integrada - JAI da UFSM

Autora:Lorena Miranda,acadêmica de Filosofia da UFSM e Coordenadora do Práxis.
Co- Autores :Marcos Corrêa Brito,acadêmico de Filosofia da UFSM e educando do Práxis.
                       Marcelo Noriega,licenciado em História pela UFSM e educando do Práxis.

INTRODUÇÃO:
 O Práxis – Pré-Vestibular Popular é um projeto de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Santa Maria, com onze anos de luta pela educação popular. Desde sua inauguração, o Práxis localiza-se na Rua Floriano Peixoto, nº1750 no 4º andar do Prédio de Apoio da UFSM. Inicialmente o Práxis dividia espaço com o curso de Licenciatura em História da UFSM, quando esse transfere suas instalações para o Campus de Camobi (Cidade Universitária). Dessa forma, o Práxis Pré-Vestibular Popular passa, a partir do ano de 2006 a ocupar a maior parte da estrutura física utilizada pelo curso. Formado por estudantes universitários, secundaristas e trabalhadores, portanto o Práxis Pré-Vestibular Popular tem como característica ser formado e construído por diversos setores do movimento estudantil e popular de Santa Maria e região, demonstrando assim a possibilidade de se construir projetos de educação popular onde considera-se em conta a pluralidade de ideias e visões de mundo. O referido projeto funciona basicamente como um curso pré-vestibular, ofertando vagas especialmente às pessoas de baixa renda da cidade e região que, por sua vez, não têm como financiar um cursinho que os prepare para o acesso ao ensino superior. É possível destacar no projeto, além da educação popular, a possibilidade para acadêmicos das mais diversas disciplinas ter seus primeiros contatos com a sala de aula, assim como promover debates e discussões sobre a democratização do ensino superior público. Busca-se desenvolver um espaço alternativo e criativo de experimentações e práticas voltadas à Educação como um todo. O Práxis tornou-se uma referência estadual entre todos aqueles setores interessados em construir e debater ciência, educação e conhecimento, comprometido sempre com os interesses das classes populares. Desta forma, o Práxis estimula o debate sobre a necessidade de superar a lógica de exclusão social e educacional presente na sociedade atual.

OBJETIVO
O Práxis procura abordar a educação sob a perspectiva da realidade social do aluno, proporcionando a este não só conteúdos propedêuticos, mas também provocando, nesse educando, um movimento em seus pensamentos. Busca-se a capacidade de redimensionar algumas das concepções pré-estabelecidas que a sociedade lhe impõe, como por exemplo, a ótica mercantilista que está presente nas  grandes mídias. Assim, a partir desse incentivo, espera-se produzir e realizar reflexões críticas não só do meio em que estão inseridos, mas também procurar diálogos e aproximações entre a universidade, os acadêmicos dos setores populares do município de Santa Maria e região, na busca de ampliar os horizontes conceituais. Dessa forma, o Práxis, não é apenas um projeto que procura promover seus educadores, mas, também necessariamente, constrói junto ao educando um espaço de formação social e educativa para que os educandos possam se reconhecer como sujeitos autônomos em suas escolhas e conscientes não só de seu deveres, mas, principalmente, de seus direitos como seres histórico-sociais, contestando-se, assim, metodologias de “educação bancária”. O Práxis tem como um de seus principais objetivos promover a relação de diálogo entre teorias e práticas educativas, pois esta é uma forma que possibilita que tanto educadores quanto educandos se sintam motivados enquanto sujeitos da construção de um coletivo de Educação Popular. 

METODOLOGIA
Tendo como referente a Educação Popular e, principalmente o educador Paulo Freire,  busca-se, assim, a valorização das pessoas, seus pensamentos, e suas necessidades. Procura-se, portanto, por uma melhor condição de vida, promovendo, além das aulas ministradas, ações pedagógicas, oficinas, painéis e debates, que unem tanto educando como educadores, assim como os movimentos sociais, que reforçam a solidariedade, o ensino, a cultura e o desenvolvimento intelectual. Nessa transversalidade, podemos reconhecer o outro e, o outro reconhecer a si próprio. Essas vivências vão além da sala de aula, pois legitimam outros espaços “politicamente educativos, aonde estudantes universitários, principalmente dos cursos de licenciaturas, encontram uma base de reflexão e prática comum, fundada na prática da sua docência” (OLIVEIRA, 2006, p. 131). Dessa maneira o Práxis deve ser visto com um espaço de experimentação e de constante diálogo entre teorias e práticas educacionais, no qual os acadêmicos têm a possibilidade de colocar em prática as diversas teorias pedagógicas que são expostas nos variados cursos de licenciatura da UFSM.

RESULTADOS
Ao longo de mais de uma década, o Práxis vem oportunizando para centenas de pessoas de todas as idades, a ingressarem na Universidade Federal de Santa Maria, através dos esforços conjuntos entre educadores e educandos. E mais do que isso, tem possibilitado a homens e mulheres o resgate de sua auto-estima, construindo com muitos a realização de sonhos. Sonhos onde o negro, o índio, o velho, o estrangeiro e o branco pobre possam ser verdadeiramente reconhecidos e valorizados individualmente, para que socialmente possam potencializar pensamentos e atitudes para melhorar continuamente suas relações sociais e inter-pessoais, assim como ampliar seus horizontes intectuais. Nestes onze anos, o questionamento e a produção acerca de educação vêm sendo pautados e trazendo resultados a todos os envolvidos com o projeto, pois o espaço para o debate entre as diversas áreas do conhecimento é fértil e transformador. Ali, anseios surgidos na prática educacional fazem com que a teoria seja buscada e problematizada amplamente, o que auxilia, por fim, a capacitar melhor o educador para o futuro.

CONCLUSÃO
Nessa legitimação que damos ao coletivo popular, existe a reflexão, a análise, assim, a oportunidade de experiência e de trocas e vivências entre todos que o mantém. Cresce o papel do educador não só como mediador do conhecimento, mas, também como facilitador das relações que se estabelecem entre o mundo acadêmico e o senso comum. Esse processo tem se fortalecido política e pedagogicamente. Desta maneira, podemos afirmar que as experiências coletivas, que são caracterizados pela diversidade dos indivíduos que ali circulam, fortalecem as “relações sociais comprometidas com a emancipação individual e coletiva” (OLIVEIRA, 2006, p. 16). Problematizar o conhecimento e a educação se faz necessário a todo o educador comprometido com o objeto de seu ensino e com o educando que está em sala da aula. Espaços como o Práxis possibilitam este movimento, onde a potencialidade dos educadores se dá para além da Universidade, tornando-os mais capazes para sua futura profissão, pois assim experenciam, na prática, aspectos que antes estavam apenas na teoria, nos quais, então, a pesquisa se faz necessária perante seus questionamentos, a fim de buscar soluções coerentes com a educação. Podemos concluir que espaços como o Práxis – Pré-Vestibular Popular se constituem enquanto espaços privilegiados de trocas de experiências, de construção de relações sociais que possibilitem a contestação desta ordem social vigente.

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